“NOVO” ENEM/SISU: DEMAGOGIA E EXCLUSÃO

Por Ricardo Malagoli, da comissão executiva estadual da ANEL Minas Gerais (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre) e do “Coletivo Pagas” de resistência estudantil em faculdades particulares. 

Uma nova prova com uma velha função: nos negar o direito de estudar.

 

O Governo Lula e sua fiel mascote, a direção majoritária da União Nacional dos Estudantes (UNE), diz aos quatro cantos do país que o novo Enem é “fim do vestibular” ou a tardia “democratização do ensino”. É verdade que o formato da prova é diferente. Mas o seu objetivo é tão elitista e meritocrático quanto o do mais tradicional dos vestibulares. Trata-se apenas de uma nova navalha para continuar cortando do acesso ao ensino superior o maior número de estudantes possível. E, como acontece com todos os programas do governo para a educação, o novo ENEM tem sido implementado pelas reitorias sem qualquer tipo de discussão democrática sobre o assunto. Recentemente, na UFMG, quase dois mil protestaram no prédio da reitoria contra a adesão da faculdade ao novo modelo de prova. Suas reivindicações foram absolutamente ignoradas. 

UFMG: 2 mil estudantes lenvantam voz contra o novo ENEM

 

Segundo os governistas, uma prova de caráter nacional é uma “grande vitória para os estudantes de baixa renda” que agora “poderão competir por vagas em todo o território brasileiro sem sair do seu próprio estado”. E, para eles, é possível que os estudantes mais massacrados pelas desigualdades sociais do nosso país consigam a proeza de conquistar uma vaga sem nunca ter passado por uma educação básica de qualidade e sem contar com qualquer espécie de assistência estudantil. 

As vagas de todas as universidades do país serão disputadas entre todos os estudantes país. Isso não muda em nada o fato de que vencem os que têm melhores condições socioeconômicas. Perto ou longe de casa, está garantido o acesso ao ensino superior público somente àqueles que podem pagar pelo ensino médio privado e também pelo deslocamento e custeio dos estudos em outra cidade. Para quem estudou na escola pública ou não tem condições de se manter longe da família, absolutamente nada mudou. 

O livre ingresso à universidade e o investimento de 10% do PIB  na educação pública são as verdadeiras bandeiras do movimento estudantil! São as únicas que permitirão aos estudantes brasileiros ter seu direito de estudar garantido pelo Estado!

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